Tu me chamaste, eu ouvi e vim...
Ante a imensidão deste céu azul,
nas águas quietas e nas tardes mornas,
tua lembrança sempre foi presente:
onde eu estava, aí estavas tu!...
Não havia vida sem tua lembrança
ilusórios rostos, passaram, vãos, por mim
onde, em cada um, eu te procurava...
Já cansada da busca e da viagem,
quando não pensava mais te encontrar,
andando a esmo, estradas pedregosas,
que me machucaram e foram meu sofrer,
mas as quais tive de muito trilhar,
um rosto era a procura, um rosto que eu não via...
Insatisfeita, viver não mais queria,
morrer era tudo o que eu pretendia...
Então, sentei-me à beira de uma estrada...
E uma voz doce, muito conhecida,
sussurrou meu nome: "..."
Eu ouvi o teu chamado!
Veio no vento alcançar-me o ouvido!...
Tu me chamavas, depois de tanto tempo...
E eu te ouvi...
O Amor que é Amor, este não terá mais fim!
É único, verdadeiro, terno e puro!
Não há distância nem tempo que o apague!
E eu envelheci te esperando assim
para ouvir tua voz na curva de uma estrada!...
Lágrimas doces rolaram no meu rosto...
A vida sem ti, não tinha mais sentido!
Eu gravei teu nome no meu coração,
Amor marcado por um ferro em brasa...
Amor sofrido... Mas amor que espera!
Dias, meses, anos, eras... E ainda há paixão
Na pureza do Amor que venceu separação!...
Com o tempo, a saudade e a desilusão,
fizeram risos, afastaram prantos,
Tristes mágoas em fria solidão
Hoje são lembranças de um tempo que não houve...
- Pois não se viveu...
Levantei-me: Em qual direção
me chamava a voz do coração?...
Voltei sobre meus passos, fui seguindo o vento,
custei a te encontrar, para meu tormento,
cansei! Cansaste! Mas tua voz chamou-me
Mais uma vez...
Venci espaços e cortei distâncias
e então te vi: joguei-me nos teus braços!
Éramos os mesmos, "nós, os de outros dias!..."
Tu não percebeste a pele já cansada,
que longos cabelos foram, ao achegar-se os anos...
Eu não percebi que a neve branqueava
o teu cabelo, que teve a cor dourada!...
O Amor só vê o que é Belo e o Bom!
E o teu abraço foi o mesmo abraço!...
E no teu beijo, o mesmo sabor
de frutas suculentas em plena madrugada!
Rememoramos o tempo que passou,
mas que "não passou" pois fez-se presente!
- Teremos nós ainda a felicidade?...
Mãos que se procuram são as mesmas mãos...
Lábios que se buscam serão sempre os mesmos...
Pra nós a primavera é e será constante
pois carregamos um coração pulsante
pleno de amor...
Teremos tempo?...
Não sei.
Mas eu ouvi tua voz...
- E... Aqui estou!...