Confesso

Confesso que o tempo ainda não

curou-me de ti, pois sinto

a alma presa na

angústia de tua partida.

Há versos ainda por fazer...

Poemas para construir.

Em mim, a dor da saudade

se perpetua, infinitamente,

como se fosse a lembrança

do que não posso esquecer,

de tua ausência em mim.

Ainda componho versos que

são teus, e recolho

fragmentos do que contigo vivi.

Inútil esquecer a pena,

que busca o branco do papel,

se meu pensamento recua o

tempo, tentando, em vão,

encontrar-te no soluço

que irrompe de mim.

Há outras Luas em Bandeira

e, agora, entendo porque

ele escreveu:

“a alma é que estraga o amor”.

Teu corpo e o meu

se entenderam.

Nossas almas, não.

Confesso que dói-me imensamente

o peito, esgarçando a

tessitura do discurso inacabado.

O Carnaval logo se descortina.

Logo um ano faz.

O que recordo é o encontro

do Pierrô e da Colombina,

que cedeu a cena para a

Poetisa e a Bacante, sacerdotisas

do mesmo Mestre dissoluto.

Nesse ano não haverá

confetes e serpentinas, nem

brindaremos a Baco..

Mas confesso ser estranha

essa nova realidade

que se aproxima, de fato.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 14/01/2009
Código do texto: T1385177
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