Confesso
Confesso que o tempo ainda não
curou-me de ti, pois sinto
a alma presa na
angústia de tua partida.
Há versos ainda por fazer...
Poemas para construir.
Em mim, a dor da saudade
se perpetua, infinitamente,
como se fosse a lembrança
do que não posso esquecer,
de tua ausência em mim.
Ainda componho versos que
são teus, e recolho
fragmentos do que contigo vivi.
Inútil esquecer a pena,
que busca o branco do papel,
se meu pensamento recua o
tempo, tentando, em vão,
encontrar-te no soluço
que irrompe de mim.
Há outras Luas em Bandeira
e, agora, entendo porque
ele escreveu:
“a alma é que estraga o amor”.
Teu corpo e o meu
se entenderam.
Nossas almas, não.
Confesso que dói-me imensamente
o peito, esgarçando a
tessitura do discurso inacabado.
O Carnaval logo se descortina.
Logo um ano faz.
O que recordo é o encontro
do Pierrô e da Colombina,
que cedeu a cena para a
Poetisa e a Bacante, sacerdotisas
do mesmo Mestre dissoluto.
Nesse ano não haverá
confetes e serpentinas, nem
brindaremos a Baco..
Mas confesso ser estranha
essa nova realidade
que se aproxima, de fato.