O Rio que passa em mim...
O Rio que passa em mim...
O rio que passa em mim é livre e segue seu curso
Às vezes de tão caudaloso..ele confunde os botos
No rio que passa em mim as águas são profundas
Às vezes lamacentas e escuras..mas puras..
Para não afogar incautos..são águas que se tomar no cone das mãos..
No rio que passa em mim..derretem-se os alfenins..
No rio que passa em mim o próprio homem.. ao boi de piranha..imola...
No rio que passa em mim..há toda a beleza do céu em matizes vários..
No rio que passa em mim o pai da prenhes..sempre foi o Rei Sol..
Fora do rio que passa em mim..tem gente ruim..tem maldades sem fim..
Fora do rio que passa em mim..não há sobrevivência..
Quando minha cabeça fora d´agua coloco..
Vejo meninos apedrejados..um Cristo crucificado..
Fora do rio que passa em mim..
Existe o chutar pelas costas..derrubar..para gozar??
Então eu mergulho..mergulho fundo..fundo tão fundo..
Para fugir..desse estranho e insano mundo..
Para não confundir ainda mais esse mundo vermelho..com o sorrir que me apraz..
Para não ser objeto.. da pesca predatória..
Pois no rio que passa em mim..não se fica na espreita..nada-se..não se fica na surdina..
As águas são por demais transparentes..
E os peixes..de poesias entendem..
De poesias e bons brincares..
Eles não confundem alhes..com bulgalhes..
Vou mergulhar fundo agora..fundo fundo..fundo...
No rio que passa em mim..no rio que passa em mim....
Dorothy Carvalho.
Goiânia, 13 de janeiro de 2008