O ETERNO NUNCA
Aquele dia sequer nasceu e mesmo jamais findou;
E digo à tua aparição que não me visitou, que, por favor, não vá;
Que não me negue o que nem comigo está e nem me aparte do que não me doou;
Mantenha-me tal como nem sou, não adormeça esse meu acordado sonhar!
Desses usufrutos surreais eu sigo nutrido e abastado;
E o prazer desse coito assexuado é mais profundo que o infinito real;
Julgo esse inconcluso percurso ideal, que me emancipa por ti sitiado;
O que não sou em ti é meu melhor estado, fizeste meu escudo traspassado um arsenal!
Dadas as asas que me prendem ao chão, corro sem dinâmica mui veloz;
E como amo teu silêncio em gritante voz, não posso abdicar do que não toco;
Insiste a caminhar nesse mirar sem foco, asperge em mim a fluidez de tua vida algoz;
Que aqui me aquecem teus cabelos de filós, que cá estão no impossível logo!
É como entendo a tua forma inusitada de me dominar;
Se nunca vou contigo estar, ainda assim atente que te tenho em mim;
Suplanta logicismos algo assim, é a mais linda forma de se amar;
Essa que me permite te inventar, que nunca teve um principiar e jamais terá fim!