O ETERNO NUNCA

Aquele dia sequer nasceu e mesmo jamais findou;

E digo à tua aparição que não me visitou, que, por favor, não vá;

Que não me negue o que nem comigo está e nem me aparte do que não me doou;

Mantenha-me tal como nem sou, não adormeça esse meu acordado sonhar!

Desses usufrutos surreais eu sigo nutrido e abastado;

E o prazer desse coito assexuado é mais profundo que o infinito real;

Julgo esse inconcluso percurso ideal, que me emancipa por ti sitiado;

O que não sou em ti é meu melhor estado, fizeste meu escudo traspassado um arsenal!

Dadas as asas que me prendem ao chão, corro sem dinâmica mui veloz;

E como amo teu silêncio em gritante voz, não posso abdicar do que não toco;

Insiste a caminhar nesse mirar sem foco, asperge em mim a fluidez de tua vida algoz;

Que aqui me aquecem teus cabelos de filós, que cá estão no impossível logo!

É como entendo a tua forma inusitada de me dominar;

Se nunca vou contigo estar, ainda assim atente que te tenho em mim;

Suplanta logicismos algo assim, é a mais linda forma de se amar;

Essa que me permite te inventar, que nunca teve um principiar e jamais terá fim!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 13/01/2009
Código do texto: T1382580
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