A MULHER DO BARQUEIRO


Na minh'alma um torvelinho se forma
e nele giram minhas emoções...
Róseas pétalas perfumam meus cabelos,
caem aos meus pés, qual fossem escabelos,
deita - se ali, minha imaginação...

Vejo e sinto o amor da minha vida,
que tão distante está do meu carinho,
cercado pelo frio da solidão,
como das matas, fosse o castelão,
mas pela sorte, reinasse sozinho...

Névoas translúcidas, ecos misteriosos
de esquecidas declarações de amor...
Barqueiro solitário a ouvir melódicas
notas que entre juncos silvam, eólicas,
mas da saudade, não sopram sua dor...

Não imagina que aqui, estou sozinha,
que cada noite é torturante esperar...
As estrelas bordam o tão formoso céu,
o luar cobre em prata, como um véu,
meu corpo ardendo, seu corpo a desejar...

Sonhamos tanto, juntos, separados...
São tantas noites de deslumbramento...
Mas quando de verdade nos tocamos,
até o céu, parece que voamos,
mesmo lutando contra os elementos...

Feito histórias de amor de eras passadas,
onde os amantes eram separados,
vivemos na esperança de que um dia,
lutando contra a sorte, em rebeldia,
teremos nossa vida lado a lado!