Antídotos

Desejo um antídoto louco para esta saudade

e um amor inda mais louco para minha vontade

que vê no teu amor ausência de verdade

e fartura de medo.

Teus passos parecem não ter pressa

e, em vez de virem, vão isolados

como se cantassem inglórios a perda do caminho.

Esvaem-se no trago triste que sorri,

tecendo lágrimas, vomitando no teu pranto.

Tudo é igual e diferente,

parece que desamamos em um mesmo amor pungente

ferido a ferro e fogo e a perecer.

Se qualquer antídoto houver,

toma-o se quiseres e segue.

Teu pranto é a outra dor perversa

que meus olhos têm pressa de acabar.