BALADA SERTANEJA
odalisca vestida de cores molhadas
aonde chegam estrangeiros do caos
bárbaras zorras!
anões confabulam na estalagem
planos que afundam os maus,
pé na estrada - viver o sonho até que morra,
apenas na tempestade os escolhidos agem
- o espantalho fuma irônico o coração do apaixonado
meu amor, quero você ao meu lado
atravessemos a ponte do parque abandonado
as estátuas dopadas de esquecimento
assistem à cumplicidade do nosso amor
despertar o pólen do sexo nas flores, o jeito
caipira domina a cidade - motor fumegante
e sorriso na alma, a beleza só é real assustada
entender o belo é pisar do outro lado da verdade
balada sertaneja é o céu tingido de pássaros na aurora
- o sol é a viola da pura cantoria esparramada,
encarar o caminho é decifrar o tudo ou nada
milagre é fecundar no deserto pelo peixe
a flor sagrada e espalhar a água cristalina
da fonte levantando das pedras os sonhos
caídos da lua como moedas jogadas