À Marisa
A ti Marisa...
É dado que me deu
te escrever uma página
impregnada de sentimentos,
e que nenhum fosse só meu.
Ânsia, talvez, de querer repartir
aquilo que sinto, por vezes
me faz sorrir, outras engolir
incontinente o riso.
À alma se encharca de dor e,
ocorre perguntar...
o que aconteceu à musa?
Imploro pelo lirismo, não pelo choro,
razões da alma, negócios de coração.
As flores, seus perfumes, suas cores.
Os mitos, os heróis já partiram e
com eles as lembranças,
o que poderia ter sido... no entanto,
resta o homem, suas ilusões,
quimeras com as quais tento,
continuamente, encher um balde furado,
ínterim em que, intermitente,
o tempo passa.
Recordações se juntam, se amontoam
construindo um monumento,
justificado pelo que lhe corre
por dentro, sangue e vida
em contínuo movimento,
chama que se mantém
pela promessa de, de novo amanhecer.