Nosso amor de ontem
Nosso amor de ontem
Quando tudo passa,
é preciso que haja lembranças.
Lembranças capazes de dizer e sentir que valeu à pena.
Quantos amores acabam,
na profunda tristeza de sepultar a vida,
pois cada momento de nossa existência,
tudo que vivemos,
é redundantemente,
a própria a vida.
É importante olhar pela janela num dia melacólico e chuvoso e derramar uma lágrima de saudade,
pelas gratas lembranças,
pela pura saudade,
do que se viveu junto de outra vida.
É preciso num dia de sol, ter vontade de cantar.
Não ter medo de seguir a luz intensa, que leva até as flores...
Se não for assim, nada vale,
nada é verdade.
Cada relacionamento que acaba,
deve deixar pendente a emoção,
aquela que nos faz viver
em momentos de morte,
que nos alimenta em momentos de fome,
que nos salva da mediocridade.
Cada amor que se acaba, deve ser eterno em nossos corações.
Deve ter aquele gostinho de suspense.
É preciso se ter bem guardado em nós,
um lugar para lembrar,
uma paisagem para olhar,
uma música para "viajar",
um perfume para transportar,
um filme para rever...
Tantas coisas que nos leve de volta...
É preciso ter a certeza eterna,
do que foi nosso amor de ontem.
Para que um dia ao atravessar a rua,
e encontrar com o passado,
se possa ainda sentir um frio na barriga,
o coração bater ansioso,
e sentir aquele sobe e desce dentro de nós.
É preciso ,
é claro ,
que o outro também sinta tudo isso,
pois esta é a diferença entre
separações e desencantos.
Nossos amores de hoje
são, sempre ,
o resultado dos de ontem.
Seremos sempre hoje,
nossos amores de ontem.
Por isso é fundamental que ,
as lembranças deixadas
por esses amores,
inspire uma música,
um verso,
uma conversa,
um porre,
um quadro,
um livro,
uma noite de insônia,
ou qualquer de nossas habilidades
(ou que se descubra que as temos),
mas com aquela emoção
resgatada no tempo,
e nunca com trágica tristeza.
Nosso amor de ontem tem que ter um gosto acridoce, nunca amargo.
nosso amor de ontem
é nossa esperança de hoje,
pois se fomos capazes de tudo aquilo,
temos salvação!
Nosso amor de ontem é fundamental,
para os de hoje
Augusta Melo
Rio de Janeiro, 02 março de 2003
LDA 9.610