Despedidas - by-Caio Lucas & Aisha
Nego-me a dizer adeus ou coisa parecida,
não quero despedidas, não precisamos delas,
dizer o adeus é prender os sentimentos,
refazer os nós no peito que começa gritar,
as mãos que voltam a suar saudade,
sentir o nu do amor que temos,
correr os olhos e não ver de frente,
é tão só ver partir para não sei quando voltar,
é não estar vestido com a roupagem do amor.
Nego-me a sonhar sozinho naquela cama fria,
onde no teto desenho você,
reviro as sombras escondidas e não encontro,
desliguei as lâmpadas das ruas que passamos hoje,
fechei as portas da cidade,
deixa a lua em um minguante por enquanto,
até que o sol apareça outra vez
nos olhos do amor que vi em você,
até que volte, que voltemos a nos encontrarmos.
Nego-me a revelar meus desejos no quarto escuro,
a viver e sorrir meus risos de amor,
somos um mais uma vez, sem palavras, apenas somos,
ficaremos lado a lado, uma alma, um espírito, um céu,
enquanto as sombras voltam como luzes.
Chega de adeus e seus similares que nos levam daqui,
quero um novo céu que pintamos noite passada,
aclamando os corpos que em chamas ascendem
com cores que inventamos com a paixão.
Nego-me ao adeus que me leva de você,
somos o início e o reencontro, sol em novo amanhecer,
diluímos em amor e retocamos com beijos,
é o fim da espera, somos o hoje recriado,
a vela acesa a milênios tomando forma sobre a cama,
o caminho sem atalhos, o fim do começo de uma vida,
os desejos e prazeres das almas que se encontram
nos mesmos carinhos que viajamos além do corpo,
além do beijo, do abraço, além das despedidas de hoje.
05/04/2006