O DILÚVIO
Primeiramente foi aquela, que do mistério e timidez era rainha;
Desamparada e sozinha, chegou pra revolucionar minha pessoa;
Ainda hoje o seu sabor me ecoa, mas meu coração não quis fazê-la minha;
Não inundou de inspiração a minha escrivaninha, porque só foi garoa!
Depois então brotou a flor morena dos amplos desejos;
Dela poupas e sobejos eram de doçura comparável à fina uva;
Seus lábios foram suave toque de luva, era diva dos rincões sertanejos;
Mulata que irrigou meus beijos, mas foi tal como veio, porque foi chuva!
Até que finalmente eu te encontrei e nunca mais a estiagem me achou;
E as águas desse nosso amor sobrepujaram até as fúrias do Vesúvio;
Enquanto és alarido, as outras foram uivo - és a maior transbordação que já me afogou;
Outras paixões se foram mas teu amor vingou, porque tu és dilúvio!