O DILÚVIO

Primeiramente foi aquela, que do mistério e timidez era rainha;

Desamparada e sozinha, chegou pra revolucionar minha pessoa;

Ainda hoje o seu sabor me ecoa, mas meu coração não quis fazê-la minha;

Não inundou de inspiração a minha escrivaninha, porque só foi garoa!

Depois então brotou a flor morena dos amplos desejos;

Dela poupas e sobejos eram de doçura comparável à fina uva;

Seus lábios foram suave toque de luva, era diva dos rincões sertanejos;

Mulata que irrigou meus beijos, mas foi tal como veio, porque foi chuva!

Até que finalmente eu te encontrei e nunca mais a estiagem me achou;

E as águas desse nosso amor sobrepujaram até as fúrias do Vesúvio;

Enquanto és alarido, as outras foram uivo - és a maior transbordação que já me afogou;

Outras paixões se foram mas teu amor vingou, porque tu és dilúvio!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 10/01/2009
Código do texto: T1378344
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