Coração Maduro

CORAÇÃO MADURO

Tudo está calmo. Como uma cidade que dorme entre o descanso e o amor.

O silêncio é como o orvalho na pétala da rosa:

não anuncia nada, no entanto diz tanto.

O silêncio é como a rosa.

Belo, machucando-se no incompleto.

Justificando-se no Ilimitável.

Então meu coração pode permanecer assim?

Entre o tudo e o nada?

Meu coração cresce até um ponto.

Mas um ponto é um começo, não o fím.

Como irei recomeçar?

O fim sempre é volta. E o meu coração é frágil, cheio de confissões

patéticas e poéticas.

O meu coração perdeu-se em comunicar...

Porque os homens são ilhas, onde não consigo abarcar.

Então pode o meu coração permanecer assim,

entre o descanso e o amor?

Renascerão rosas nos pungentes bombardeios nucleares?

Renascerão esperanças nos corações

desacreditáveis dos homens submersos?

Meu coração não sabe.

O renegado, perdido, maduro, coração amigo.

Canto-te uma canção qualquer, algo que já não me diz nada.

Entro na estrada, peito aberto, camisa rasgada.

Deito-me entre o quente do asfalto e o calor dos teus braços.

Meu coração, debaixo das rodas dos carros,

rudemente percorre o caminho de casa.

Heliana Mara Soares