Imperfeita perfeição
Um grito, um apelo, sonhos sem medo onde,
a verdade é ilusão,
um gesto, um ato, um fato, o revelar,
a busca e o encontro encabeçando a procissão.
O homem que acredita, a vida que recria,
os anarquistas lideram a sua exclusão,
enquanto a terra remexe abaixo dos pés,
sombras desfeitas dentro de imperfeita perfeição.
A guerra, o luto, o nada, o tudo,
a paz só sonhada no mundo que nega ação.
A cor, o canto, mãos postas em oração,
todos contra todos, selva, dilaceração.
Caminhos, atalhos,
passos perdidos sem história ou passado,
corpo sofrido, riso afogado,
ondas em mares nunca antes navegados.
Um espaço, outro tempo,
nova era de constante contratempo,
muitos dentes em risos aparentes,
muitas bocas sem risos e sem dentes.
Celebra vitória um povo sem nação
que traz como bandeira os calos das próprias mãos,
um rosto no contexto, outro mundo diferente,
um sim a dignidade em meio a tantos outros não(s).
18/03/2006