ALMA DE DALILA
Não era bem melhor quando servia o meu destino à designação da ética?
Porém convulsionou-se minha íntima dialética e estou abaixo das piores convenções;
Dando-me às alucinações vejo tuas irresistíveis feições impregnando minha prédica;
Uma paixão a gosto da propalação psicodélica, doença médica das contraindicações!
Eu vejo alguma coisa muito mais profunda no teu sorrir que me inunda;
Essa voraz perturbação que me circunda e me enlouquece no divã da sedução;
Quando te trago aos meus talheres sei que te quero refeição, quando me adoças és profunda;
Tens algo da traição mais imunda e que me contamina nesse pontiagudo beijo em punção!
Tu não és dádiva e nem prenda, mas não permites que meu desatino se arrependa;
Achaste a fenda das imperfeições e lá me sugas tantas forças que já tive;
Por mais que esse romance seja declive, como explicar o flutuar de nossa tenda?
Sai do meu coração antes que eu me renda, diz que meu restolho racional sobrevive!
Quem sabe volte a crescer os fios capilares da esperança, quem sabe eu retorne a ver;
E conseguir não te querer, pra nunca mais queimar feliz nessa inglória;
Quem é essa mulher que me deplora? Donde procede seu modo hábil de me enlouquecer?
Única a ponto de facilmente me vencer, que fez meu ego predador sentir-se escória!
“Nada é mais mortalmente doce e saboroso que o veneno astucioso de uma irresistível mulher”