ALMA DE DALILA

Não era bem melhor quando servia o meu destino à designação da ética?

Porém convulsionou-se minha íntima dialética e estou abaixo das piores convenções;

Dando-me às alucinações vejo tuas irresistíveis feições impregnando minha prédica;

Uma paixão a gosto da propalação psicodélica, doença médica das contraindicações!

Eu vejo alguma coisa muito mais profunda no teu sorrir que me inunda;

Essa voraz perturbação que me circunda e me enlouquece no divã da sedução;

Quando te trago aos meus talheres sei que te quero refeição, quando me adoças és profunda;

Tens algo da traição mais imunda e que me contamina nesse pontiagudo beijo em punção!

Tu não és dádiva e nem prenda, mas não permites que meu desatino se arrependa;

Achaste a fenda das imperfeições e lá me sugas tantas forças que já tive;

Por mais que esse romance seja declive, como explicar o flutuar de nossa tenda?

Sai do meu coração antes que eu me renda, diz que meu restolho racional sobrevive!

Quem sabe volte a crescer os fios capilares da esperança, quem sabe eu retorne a ver;

E conseguir não te querer, pra nunca mais queimar feliz nessa inglória;

Quem é essa mulher que me deplora? Donde procede seu modo hábil de me enlouquecer?

Única a ponto de facilmente me vencer, que fez meu ego predador sentir-se escória!

“Nada é mais mortalmente doce e saboroso que o veneno astucioso de uma irresistível mulher”

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 08/01/2009
Código do texto: T1373955
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