RECUOS DO AMOR

E o que dizer da delirante decisão em progredir pelos avessos?

Quem vai compreender que após pagar todos os preços, o coração decida se reendividar?

E se proponha um reencontrar e até desenterrar adormecidos medos?

Romper o lacre de antigos selos e se perder por endereços que a lógica manda descartar?

Então a sintomática da crise convoca o deslize para que exume os arrepios do passado;

E justifica seu traslado, dando um recado a seu presente mal resolvido;

Confessa ao travesseiro que a desnutrição da libido merece um passo desequilibrado;

E não se intimida com o argumento contrário, trocar o real pelo imaginário, não faz mais sentido!

Assim se dilacera a exclusividade dos beijos e a redoma da moral cai de joelhos no vazio;

Caminhando por um fio, a face do agora recebe pancadas da iniqüidade pretérita;

A cama antiga parece inédita, e num braço que já se aquecera mata o atual calafrio;

A transgressão do recuo é um rio, a virtude que avança se torna deserta!

Se o coração tomar partido dessa vereda que nos leva para trás;

Talvez o juízo seja capaz de comparar o que tivemos perante os ganhos hodiernos;

Seriam antigos remédios a cura dos males modernos? Ou seria essa paixão leviana por demais?

Quem faz turismo amoroso nas sombras dos quintais, sabe a resposta desses versos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 08/01/2009
Código do texto: T1373835
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