RECUOS DO AMOR
E o que dizer da delirante decisão em progredir pelos avessos?
Quem vai compreender que após pagar todos os preços, o coração decida se reendividar?
E se proponha um reencontrar e até desenterrar adormecidos medos?
Romper o lacre de antigos selos e se perder por endereços que a lógica manda descartar?
Então a sintomática da crise convoca o deslize para que exume os arrepios do passado;
E justifica seu traslado, dando um recado a seu presente mal resolvido;
Confessa ao travesseiro que a desnutrição da libido merece um passo desequilibrado;
E não se intimida com o argumento contrário, trocar o real pelo imaginário, não faz mais sentido!
Assim se dilacera a exclusividade dos beijos e a redoma da moral cai de joelhos no vazio;
Caminhando por um fio, a face do agora recebe pancadas da iniqüidade pretérita;
A cama antiga parece inédita, e num braço que já se aquecera mata o atual calafrio;
A transgressão do recuo é um rio, a virtude que avança se torna deserta!
Se o coração tomar partido dessa vereda que nos leva para trás;
Talvez o juízo seja capaz de comparar o que tivemos perante os ganhos hodiernos;
Seriam antigos remédios a cura dos males modernos? Ou seria essa paixão leviana por demais?
Quem faz turismo amoroso nas sombras dos quintais, sabe a resposta desses versos!