Desterro

Não muitos anos atrás,

Podia-me crer um homem feliz.

Tudo me lembrava cores suaves,

Cantos serenos, doces instantes,

Quase uma felicidade líquida que eu solvia

A grandes tragadas vorazes.

Sentia-me como o dono da Lua,

E das estrelas.

Era quase que viciado nessa coisa medonha,

O amor incondicional.

Aos poucos, percebia que nunca foi feito para durar,

Não era justo com a humanidade a existência da perfeição.

Importante lembrar, as memórias sempre ficam,

Embora os anos breves e muitos tornem a vida longa demais.

Vejo nas entrelinhas da minha vida que meu erro foi depender demais,

Meu erro foi esquecer como vivi antes da ilusão ter me sufocado em pensamentos

Alegres, serenos, suaves, pensamentos quase irreais.

Aos poucos a realidade mudava,

Embora eu mesmo permanecia estático, quase morto no principio,

Quando na verdade, era o principio do fim.

Cheguei a berrar, certa noite postumamente ao fim

“Que Deus me de alívio, já que forças não tenho.”

Como diz a velha música, “E eu não passo de um rapaz comum”

Não tinha o direito de ter me tornado único,

Como certo alguém me tornou, no instante em que mirou-me face a face

Uma certa inocência minha acreditar que a vida é eterna,

Uma certa vontade minha de tornar eterno tudo que desejo.

Não sei mais viver,

Esqueci-me na esquina dos meus instantes felizes,

Estou deitado lá, abraçado com as memórias mais tenras,

Embriagado por momentos mortos.

Eu não sei mais como é sorrir.

Eu não sei mais escrever uma carta,

E com as palavras mais certas, tocar o coração,

Ou a alma, uma vez que a minha morreu célula por célula.

Noite após noite eu me vejo desejando coisas que não entendo,

Coisas que não conheço mais.

Um alívio, senhor meu Deus, ou o sorriso de volta.

São as únicas opções que me restam hoje,

Quando estou a sete palmos enterrado nas lembranças.

Danilo Elias
Enviado por Danilo Elias em 07/01/2009
Código do texto: T1372763
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