O CORCEL E O COLÍRIO

Desce pelos cantos de meus lábios aquele fruto escondido em véu;

Que me compôs como cordel pelas quadras inauditas da louca paixão;

Que me impôs por seu sultão e me varreu pra si sob as tendas de seu mel;

E nem poupou a delícias de seu céu na hora de inebriar meu coração!

Cada dia eu recomeço a nossa história que triunfa até na inglória;

Posto que a todas as volúpias é notória, a inviabilidade de sermos impossíveis;

O destino nos tornou irresistíveis e mesmo a mágoa contundente é irrisória;

É que o agora ama o ontem da memória, mantendo nossas cenas de amor sempre visíveis!

Se me enganei no vácuo mudo, agora afirmo que ainda te desnudo e te degusto;

E me assedia o mesmo susto em consequência do sabor que me embriaga;

É a seiva desse cio que me alaga e me obriga a navegar alucinado em mar augusto;

Ignorando o certo e o justo, mirando tão somente a lei que à minha cama te traga!

Eis aqui teu verdadeiro corcel veloz, aquele macho-sol que anela te fertilizar;

Pra tua última veste dilacerar, pra refazer cenários múltiplos em prol de teu suspiro;

Ó Dominique, meu colírio, qual ser vivente mais que eu te proporia o paladar?

Sei que outro igual não há, tal como sei que não se pode comparar o escutar de teu delírio!

“Competência natural pra seduzir é cena alucinante e corriqueira por sob o véu apaixonante de minha linda Dominique. A você, de todo coração!”

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 07/01/2009
Código do texto: T1372047
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