O CORCEL E O COLÍRIO
Desce pelos cantos de meus lábios aquele fruto escondido em véu;
Que me compôs como cordel pelas quadras inauditas da louca paixão;
Que me impôs por seu sultão e me varreu pra si sob as tendas de seu mel;
E nem poupou a delícias de seu céu na hora de inebriar meu coração!
Cada dia eu recomeço a nossa história que triunfa até na inglória;
Posto que a todas as volúpias é notória, a inviabilidade de sermos impossíveis;
O destino nos tornou irresistíveis e mesmo a mágoa contundente é irrisória;
É que o agora ama o ontem da memória, mantendo nossas cenas de amor sempre visíveis!
Se me enganei no vácuo mudo, agora afirmo que ainda te desnudo e te degusto;
E me assedia o mesmo susto em consequência do sabor que me embriaga;
É a seiva desse cio que me alaga e me obriga a navegar alucinado em mar augusto;
Ignorando o certo e o justo, mirando tão somente a lei que à minha cama te traga!
Eis aqui teu verdadeiro corcel veloz, aquele macho-sol que anela te fertilizar;
Pra tua última veste dilacerar, pra refazer cenários múltiplos em prol de teu suspiro;
Ó Dominique, meu colírio, qual ser vivente mais que eu te proporia o paladar?
Sei que outro igual não há, tal como sei que não se pode comparar o escutar de teu delírio!
“Competência natural pra seduzir é cena alucinante e corriqueira por sob o véu apaixonante de minha linda Dominique. A você, de todo coração!”