Aridez

Sou só uma criança perdida

Na rua escura

Só infância perdida

Em cima do muro

Sou a louca partida

De futebol

Na areia, na grama, na cama

Sob o sol de dezembro

Sob o mês de setembro

Sob o nada que lembro

Sou só uma criança perdida

Entre os seus braços

Bebendo os abraços

Da minha vida

Sou a louca partida

Do amante

Sou depois, o agora, eu sou o antes

Sobre o peso eterno

Sob o calor do inverno

Sob o frio do inferno

Sou só uma criança vadia

A infância arredia

Rindo a revelia

Do nada que se tem para rir

Sou a louca batida

Do coche

Sou o centro, a direita, eu sou gauche

Sou a hora marcada

Sou a bola parada

Sou amada e amada

Sou só uma criança qualquer

Sou moleque

Sou homem, mulher

Sou o que quiser

Sou a louca batida

Da vida

Desviada, encontrada, perdida

A incógnita inibida

A derrota coibida

A vitória infligida

Sou só uma criança!

Que enche a pança

E se lambuza

Que o povo sem escrúpulos usa

Sou a louca romaria

Sem rumo

Sem vida, sem ego, sem prumo

Sou a derrocada ávida

Eu sou a paisagem pálida

Eu sou a pele árida.

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 07/01/2009
Código do texto: T1371729