Num colar há mais do que amor (Parte 1)

Certo dia

Gritei pelos alto-falantes de uma rua

Que não queria mais viver como capitalista

Que preferia viver num mundo menos egoísta

Que me rendesse boas risadas

E alguns trocados para o meu conhecimento

Juntei em trouxas os meus poucos pertences

Comecei a andar feito louco no mundo

Juntando qualquer coisa brilhante que via

Até que achei seus olhos

Mas não quis somente eles, queria todo o corpo seu

Então tratei de trabalhar para lhe comprar um presente

Sete dias da semana no cabo da enxada

Limpando o chão que iriam plantar feijão de corda

Mas ganhei muito pouco, mal dava para eu comer

Mesmo assim fui à boutique no centro da cidadezinha

Disse que queria o melhor presente que o meu dinheiro pudesse comprar

Consegui um colar com um pingente em forma de coração

Corri para casa para me arrumar o máximo que pude

Tentando disfarçar o Sol que havia me envelhecido a face

Fui para a pracinha tentar achá-la, mas quando a encontrei

Decepção grande foi vê-la em outros braços

Se deliciando com um picolé de cajá

Que o filho do prefeito havia lhe comprado

Tanto trabalho para nada

Fiquei tão raivoso que resolvi voltar para o meu lugar

Voltar ao escritório em que me fiz gerente

Catei meus pertences e joguei fora o maldito colar

Na esperança de um dia esquecer

A mulher que me havia feito trabalhar mais do que nunca

Mas calma que ainda não tem fim esta história

O dia de amanhã nos guarda mais do que surpresas

Voltarei com a outra parte da história

E que se Deus quiser, será da mesma magnitude que essa

Então espera a outra parte, que virá num dia qualquer

Trazendo os versos que ainda me falta para completar a epopéia.