A BENÇÃO
Tua maior habilidade consiste em ser capaz de se manter eterna;
Como uma brisa terna, que sobrevive a cataclismos e temporais;
Pois onde principio ou culmino lá tu estás, trazendo luz à minha caserna;
Resgatando-me da caverna e me abrigando nos jardins de teus quintais!
Tu não percebes, mas tua sina é muito mais do que humana;
Lá dos rincões celestiais emana, pra ser meu norte enobrecido;
Conforme um cão empobrecido eu andaria sem o limiar de tua chama;
Protagonista de profundo drama, se não tiveras me surgido!
A tua voz é como um rio derramado por meu leito ressequido;
E a resposta ao meu bramido é esse sol que dialoga em teu olhar;
Se minha vida se afoga no teu mar, eu sou da sorte o mais querido;
Se meu destino não te houvesse conhecido, seria eu o resumir de tudo que nem há!
Assim te escondo em meu coração, tu que nem sabes deste afã;
Que a novidade temporã jamais se atreva a te levar;
Tu foste feita para me abençoar, como a certeza do amanhã;
Tal qual leveza de uma fina lã é tua boca de hortelã, cá nos meus lábios a beijar!