poesia morta

desgosto amargo e cheio de sangue de vida

essa coisa morta, não é a minha própria querida

mas uma poesia outrora aguçada, hoje amada

pelos espinhos da rosa, essa tirana malvada

que me apunhala e suga de mim suas nectadas

que eu, beija-flor, um dia furtei em doces beijadas

que no centro de tua flor pairei, asas velejadas

nessa esperança cansada, eternamente perdida

de luto pela tua morte, oh poesia cheia de agonias

não me abandones nesta longa madrugada escura

sem estrelas, sem luares, olhares de minha guia

me enterrando a cada verso, antídoto dessa loucura

lança trespaçada, saudades sufocando a alegria

e me sinto crucificado nos teus abraços, oh felina, oh musa.

Sergio, beija-flor-poeta