Prefiro perder
Asquerosa fala essa tua,
safra de lacunas, desejos da rua,
amor de palavras, corpo de letras,
literatura voraz,
discurso atarantado e bêbado.
Paragem santa onde eu fui parar
e habitar enredos e surdo discursar,
tendo na alma a ânsia de lutar
e na última batalha a força desobedecida.
Espólio perverso é tudo o que deixaste,
herança para cegos, verbos apagados
e a última frase feita que não me serve de legado
porque o mundo é hoje
o que ontem nele eu destruí desacreditado.
Se é para dizer, eu calo
e se calo tenho ao pé, eu falo
porque a mesma dor que me dói embala
e o que cai no vento no verso passa...