O que eu não soube dizer
Eu posso me dar de todo
Por inteiro
Pra quem for o primeiro a me testar e me querer
Posso ser pra sempre
Ou passageiro
Só depende do quanto você dá para me ter
E eu não falo dar
Em dinheiro
Quando falo, me entenda, digo dar e receber
Posso ser o quanto quer
Ou imagina
Porque o que me ilumina e me conduz é diferente
Posso ser o arpão
A carabina
Ou posso até ser o canhão se você pedir de repente
Eu posso te cortar, infelizmente
Feito a ave de rapina
Que machuca inutilmente
Por você eu sou o norte
E o sul
Sou o verde e o azul, sou as coisas mais loucas
Sou a garrafa de vinho
Ou rum
Sou o álcool incomum que polui a sua boca
Sou sua fortuna
Seu baú
Onde você guarda suas maravilhas poucas
Mas por favor, não me decepcione
Pois não sou o tipo de homem que tem tipo
Não suporto arrependimento
Meu amor, não é o momento de evitar qualquer coisa assim
Entre nós há sombra e loucura
E há uma estrada escura e longa no que parece um toque
E mesmo que pareça um calombo
Agora tem um imenso rombo que vai lá dentro de mim
Você alterna a noite e o dia
E resmunga a revelia sem me mostrar o que sente
Você diz que me ama e me odeia
E me prende em uma cadeia que não quer me prender
Você me confunde, me inebria
E chama de covardia o que eu faço sem querer
Você me esvazia e me preenche
E me enche novamente de sentimentos de você
A dúvida impera crua na cabeça quente
E a mente controla pura a veia túrgida
Você urge no meu crânio
E eu quero sentir seu gosto
Agora.
Não quero mais. Você cheira a urânio
É perigo radioativo.
É abrigo para o meu perigo.
Não sei mais falar de ninguém ou alguém.
Só sei você.
E eu te leio devagar. Como um livro lento.
Ou feitiço bento.
Ou um calmo vento que sopra o cabelo.
Não tem nada de demais.
Não tem paz.
Não tem mais.
Você assusta o meu corpo.
Eu não quero te ver.
Mas eu te sinto às vezes.
O seu passo é meu pé. O meu passo é seu olho.
Você aparece no escuro para mim.
Diz assim que está apaixonada.
Diz mais nada.
Diz só que sim.