O Adeus do Poeta
O amor cintila além sua razão!
E o poeta, sem limites ao decantar
O mais terno e sublime amar,
Entrega-se em desatino alma, corpo e mente,
Versificando, a toda hora, seu amor premente.
De ânsia louca acusado,
Por ter seu amor revelado,
O mundo ignora pura inspiração.
Amargo viver num mundo insano,
Onde todo insensível mundano
Sente prazer cruel pela maldade,
Mesquinhez e toda leviandade,
Deliciando-se com os atos violentos;
Ridicularizando nobres sentimentos.
Viver em meio à gente perversa
Que faz da crueldade diversão,
Trás ao poeta grande aversão
À sede de viver neste mundo,
Entregando-se a desgosto profundo
E somente lamurioso pesar resta.
Se ele perde sua amada,
Há Anos tão procurada,
E, por erros fatídicos, ressentida,
Nada mais resta, em terrestre vida,
Que se deixar definhar vagarosamente,
Enquanto seu estro, cumpulsivamente,
Deixa única herança em Arte.
E deste mundo, o poeta parte.
Palmares, 10 de dezembro/2005.
© Jaorish Gomes Teles da Silva
Do livro QUIXOTESCÂNTICO
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