Segredo
Degustarás meus lábios há beijar-te,
Furtivos, escorregadios,
Alimentando-se de toda a vida
Contida em teu hálito doce.
Sentirás meu olhar
Arrancando, até mesmo, a tua pele
No irrepreensível anseio,
De conhecer-te por completo.
Ouvir-me-á emudecer em gritos silenciosos,
Clamando quietos por teu nome,
Com a mesma cega obsessão
De quem faz uma prece.
Se puderes concentrar-te,
Poderás sentir, à noite,
Minha alma roçar na sua,
Minha mente indagar à tua,
Tentando adivinhar profanamente
Teus pensamentos mais profundos.
Em meu intenso desespero
Disfarçado de coragem,
Meu irrefutável desejo,
Fantasiado de amizade,
Entrego-me de corpo e alma
A esta terrível dúvida que me atormenta.