O PRIMEIRO BANHO DO ANO NOVO
Hoje lancei à água o meu corpo ainda com os suores do Ano Velho
Com um sabonete cheiroso e anti-bacteriano.
Deslizei-o por dentre os pelos do peito molhado
Marcado pelas tuas unhas e beijos avermelhados
Esqueci o Ano Passado e as agruras daquela Caminhada.
Mas foi um Amor dilacerante, de sentido dúbio.
Que se creditou no sexo e na volúpia dos sentidos
Ele podia adentrar ao Ano Novo e ser fortificar nos desejos proibidos
Mas tornaria nossa Vida refém de dois corpos sem alma.
Muitos Amores foram lançados ao ralo no ano passado
E Eu os via naufragando em redemoinhos nos meus lençóis
Olhei no espelho do quarto e ali não percebia que faltava algo
Pensei, se o sexo me preencheu tanto que mais me faltará, e chorei.
O coração se agita, reclama, se enfurece, entristece.
Mas o corpo impassível representa profissionalmente,
Um trágico teatro que é a Vida.
Encobre dores que no peito se acumulam,
Ausências que nunca mais serão preenchidas.
Mas o meu coração não perde a esperança
Pois é ele que me mostrará um Amor verdadeiro
A Vida me trouxe o Desejo e o Amor para se complementarem
Seguirei pela trilha até encontrar o Caminho
Que seja antes na Vida do que na Morte.