Para quem ela escreve?...
Quando tu lês as minhas poesias
Hás de perguntar: “Prá quem, tão belo,
Escreve ela assim nas maresias,
De modo tão pungente e tão singelo...?”
Teus olhos cor de sonho correrão
Rápidos. Ligeiros, sobre os versos...
Hás de pensar se pulsa um coração
Por trás destes sonhos tristes e adversos...
“Ela canta o Amor! Mas a qual canta?...
Há tristeza e dor... E ela os suplanta!
E volta a sofrer!... Tantas contradições!...”
- Não saberás jamais pra quem eu canto!...
Teus olhos doces não provarão o encanto
De quem te confunde com... divagações!...
Escrevo, talvez, pra um bem, ausente...
Que existiu e extasiou a minha vida;
Escrevo, talvez, pra alguém que sente
Que é pra ele... a lágrima sofrida!
Escrevo, talvez, para um passado
Que recordar, faz-me hoje reviver!
Escrevo sempre para o bem amado
Que, onde estiver, sabe do meu querer!
Escrevo, talvez, para o futuro,
Onde ainda há um fruto bem maduro
Esperando a mão certa a o colher...
Escrevo, talvez... muitos amores
Que, em minha vida, se fizeram dores,
Sem meu amor nunca reconhecer...
Escrevo ainda para o intemporal,
Onde dois jovens, juraram para sempre
O amor de sua essência virginal...
E a vida os afastou abruptamente...
Escrevo, talvez, para os que amaram,
Para os que sofreram e, por inexperiência,
Não compreenderam e não mais sonharam
Pois o amor perdido os deixou em latência...
Escrevo a minha dor e a dor de muitos...
A dor não faz casos fortuitos
E o sofrimento diferente é igual...
Mudam pessoas, mas o amor é procurado...
Não há mortal que nunca tenha amado!...
Não há amor que não tenha seu final...