Amor que me conduz

Alô, saudade!

Boa-noite, meu bem distante

Beijo-lhe as pálpebras em pensamento

Já aprendi a conviver com a sua ausência

Durma em paz, meu amor.

Rondo meu derredor à sua procura

dos meus restos de você

afago serenamente essas lembranças esmaecidas

E as lembranças me acariciam como uma brisa que passa e

não volta

Você não pode voltar

Você vai

Tudo é como um laço de fita desfeito

Tão perfeito fora em pouco tempo

Ah! como me foi bom...

Quem diria que de algo tão vivo

restaria um pretexto poético

Não, não é este meu querer

É apenas uma tentativa de prolongamento

Só estou conversando mais uma vez com você.

Retendo o que não pude ter

escondendo uma lágrima triste

Eu não quero me recalcar

Prefiro-lhe poesia a tê-lo oprimido dentro de mim

Liberto-o amor que me conduz

Viva em paz , e morra eu cá no céu sempre triste.

14/6/79