O CEGO E A FEITICEIRA

Tu alteras todos os meus índices e elevas minhas quotas;

Escancaras minhas portas e sem licença aportas no meu cais;

Agigantas meus lucros reais, quebra os lacres das tímidas comportas;

Restitui minhas derrotas e alavanca o meu valor pra muito mais!

Tu visitas meus recônditos e decoras com tua luz os meus átrios;

Ajardinando meus íntimos pátios, tremulando de paixão em mim;

Irrigando meus poros com teu jasmim, subvertendo meus tatos;

E até por telepáticos contatos, converte meus incolores em carmim!

Tu mergulhas em meus canais salivares esse teu beijo de jaqueira;

E não te lanças menos do que inteira na superfície de minha plenitude;

Passeia em mim qual dedilhar do alaúde, me instiga com tua boca feiticeira;

Sem eira e nem beira, elevando os níveis febris dessa patológica saúde!

Tu és assim, desses sonetos que somente o sublime compõe;

Algo que me sorve e me repõe, celsa devoção a que me entrego;

Se me aceito ou se me nego, indiferente o destino te impõe;

O meu amor adere a tudo que lhe propõe, porque por ti já é completamente cego!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/01/2009
Código do texto: T1364168
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