Hoje eu pensei no amor e perguntei-me se ele existe
Ouvi hinos e canções dilacerantes
Trompas, trompetas
patas de elefantes
A boca do trombone ao pé do meu ouvido
mil e um estalidos
tiros de guerra, estampidos
Era Vesúvio dentro de mim
calando meus pios, meus trinados
era uma festa de tudo que estava adormecido
era a lembrança recuperada dos dias santos, dos antigos ritos
Eram as pedras que escavei e ergui
Era a vibração de um monumento eterno
onde eu jurara meu amor e minha fé
a crença em todas as possibilidades
Era a existência ressurgida
das emoções que, pela vida, sufoquei
Eram as peias, a obstinação
o mar e o rio, a pororoca
tormentas, correntes, cataratas
que desaguavam pela minha cabeça.