IMORTAL
Cala com mordaça essa vanglória pretensiosa
Que torna ainda mais audaciosa tamanha mágoa esmagada por fascinação
Porque as marcas de nossa paixão com a remoção não admitem prosa
É espinho vizinho de rosas - é árvore frondosa podada pela contradição!
Após nosso universo dissolvido até o mundo reunido será taça cheia de solidão
Não há de te tocar a outra mão, de modo igual ao jeito que te visitei
Não é suposição o que já sei, se nem falei mas testifica o coração
Não fui teu episódio vão - mas vulto de eterna aparição, eu me tornei!
Nem mesmo o mel vai adoçar tua saliva amarga e desprovida de mim
Beijar-te assim como o nadar nas tâmaras, somente esse que já não te beija mais
E outro porto não te trará a mesma paz, se jaz numa estrada sem fim
Onde teu eu repousa em mim, onde teu ódio me mata e teu amor me refaz!
Lá pelas tantas da ilusão, tu vais buscar outro endereço
Querendo subornar o que não tem preço, anelando amor maior
Às custas de teu sangue e suor, achando o que há o certo pelo avesso
Porque somente eu te mereço e o teu fim sem mim, é frio e só!