Último poema
Tem um mundo de pessoas lá fora e eu me
sinto sozinha nesse mesmo mundo.
Tem o sol e a alegria perdida
em algum lugar.
Eu queria voltar no tempo, não abrir a porta
naquele domingo, esquecer as
palavras ouvidas na madrugada.
Mas o que me resta é apenas
o vazio denunciado pelas lágrimas
que molham o meu rosto.
Não vejo a poesia do dia, apenas a
mágoa que penetra insana a minha alma.
E eu não posso gritar.
O grito morreu em minha garganta,
na dor do punhal cravado na alma.
E agora?
O que faço dos planos, dos sonhos,
dos desejos estilhaçados?
Agora eu queria apenas ser outra
pessoa, estar em outro lugar,
viver outra vida.
Quisera tanto e agora nada tenho.
Não sei o que faço do poema
que se perdeu em seu
último abraço.
Procuro justificativas para o
que não sei.
A felicidade da manhã que foi
rompida ao anoitecer de
um dia infeliz.
Não posso reagir...
Não agora, nesse momento.
E que Deus me perdoe por essa
fraqueza que molha os meus
olhos e tinge de
tristeza a minha vida.