SOB A SEDA DE TEUS LÁBIOS
Achei-me andarilho pelas trilhas altaneiras, vi meu âmago exultante;
Já não mais um acidentado relutante, buscando chão n'algum vazio;
Diga-me o inverno da indiferença por onde anda seu frio, que me fale o vácuo do esquecido semblante;
Sou criança a festejar seu renascer pujante, do sol primaveril o próprio brilho!
Eis aqui teu filho mais feliz, ó conspiração do bem celestial;
Posto que me vejo prisioneiro num olhar cristal, mantido pela mais formosa das mulheres;
Hoje sei que tu me queres, ó paixão das labaredas surreais;
Pedi por teus limites e me deste mais, ontem te agredi e hoje não me feres!
Bem vinda a mim a poupa da macieira, gotejada por teus lábios vívidos;
Ergue o teu império sobre os meus sentidos e me posiciona em teu agora;
Devolva os externos de meu íntimo aos segredos do que sou por fora, lance a tua fera em meus anseios tímidos;
Porque te achei meus fracassos são findos, e se me amo é porque teu coração me enamora!
Não vou guardar nenhum temor do que me aguarda o outro lado da cortina;
O teu sorriso me ensina que as muitas águas não irão me afogar;
Elas convidam meu desejo a navegar no paraíso edificado nessa sina;
Porque na perfeição de tua boca pequenina, sedas de esperanças hão de me acariciar!