SOB A SEDA DE TEUS LÁBIOS

Achei-me andarilho pelas trilhas altaneiras, vi meu âmago exultante;

Já não mais um acidentado relutante, buscando chão n'algum vazio;

Diga-me o inverno da indiferença por onde anda seu frio, que me fale o vácuo do esquecido semblante;

Sou criança a festejar seu renascer pujante, do sol primaveril o próprio brilho!

Eis aqui teu filho mais feliz, ó conspiração do bem celestial;

Posto que me vejo prisioneiro num olhar cristal, mantido pela mais formosa das mulheres;

Hoje sei que tu me queres, ó paixão das labaredas surreais;

Pedi por teus limites e me deste mais, ontem te agredi e hoje não me feres!

Bem vinda a mim a poupa da macieira, gotejada por teus lábios vívidos;

Ergue o teu império sobre os meus sentidos e me posiciona em teu agora;

Devolva os externos de meu íntimo aos segredos do que sou por fora, lance a tua fera em meus anseios tímidos;

Porque te achei meus fracassos são findos, e se me amo é porque teu coração me enamora!

Não vou guardar nenhum temor do que me aguarda o outro lado da cortina;

O teu sorriso me ensina que as muitas águas não irão me afogar;

Elas convidam meu desejo a navegar no paraíso edificado nessa sina;

Porque na perfeição de tua boca pequenina, sedas de esperanças hão de me acariciar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 30/12/2008
Reeditado em 30/12/2008
Código do texto: T1360389
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.