Caminhante
Abre o riso a face abatida,
nada lhe tira o espírito, nem mesmo a tempestade
que leva de suas mãos os sonhos que lhe colorem a vida,
nua de si mesma, segue seu caminho, sua, é a coragem.
Não desanima o corpo encurvado
pelas dores do passado que ditou sua história,
sem raízes, busca abrigo no hoje que tem nas mãos,
devolve o amanhã aos corações que não têm sua fé.
Entrega-se aos ritos em ato solitário de suprema doação,
leva o destino atado à cintura,
cingida com o orvalho que quase lhe cega,
amanhece a semente que em seu corpo germina.
Acena em esperança ao encontrar o oásis
que recebe o cansaço que as areias do tempo levanta,
nada teme nas noites onde estrelas fazem seu caminho,
dançando o feitiço que a lua encanta.
Canta com espírito, o mesmo que sorri seu corpo,
de mulher passa à criança nos olhos que brilham em seus atos de fé,
caminha entre brisas e tempestades,
nada lhe tolhe os passos cansados.
Traz o amor nas mãos sem o reter entre os dedos longos
que acarinham os sonhos dos que acreditam na imortalidade,
a vida entre esquinas, espera pelo primeiro passo,
caminhante, perdida para um mundo, mas achada por muitos.
Na face do riso agora um rosto feito sonhos,
convida para mais uma dança,
nos passos do amor, os braços seduzem
na força da vida, na força que a vida tem...
19/03/2006
*Poema dedicado à Poeta Maria Nogueira Martinelli (Sapeka)
Minha irmã de jornada, a força é tua...