O jardim de ilusões
E lá estava eu,
Sozinha a caminhar,
Esquecida do tempo,
Da noite,
De um sentir cansado...
Sentada em um fresco relvado
Para um jardim de ilusões a olhar.
Luzes pontilhando cada árvore,
Na escuridão a brilhar,
Enquanto as flores e os passarinhos dormiam
E o vento sua canção murmurava, baixinho...
E assim continuei,
Sentada a beira de um caminho,
Vendo a luz se refletir no orvalho,
Que lembrava estrelas a brilhar...
E cada estrela orvalhada parecia zombar,
Parecia lembrar do sentir que me feriu o peito...
Sei que amei mal,
Que não fui amada como me é de direito, mas...
Seria melhor não ter tentado?
Seria melhor jamais amar?
E quando por fim o dia chegar
E o orvalho secar
Nesse jardim de ilusões,
Sei que verei novos dias
Primaveras, invernos, verões...
E quem sabe um brando outono,
Com suas tristes cores a me encantar.
Mas o que senti?
Deixei ir,
Resolvi no vento dispersar...
O fim foi triste,
Mas não foi o meu fim definitivo.
Logo ei de encontrar um novo motivo,
Um novo alguém,
Que irá ao sonho real me inspirar...
E enquanto esse alguém não chega,
Fico a observar as luzes nas árvores,
O gramado orvalhado...
A ouvir a melodia do vento,
A sorrir ao nascer do sol
E escutar dos pássaros o primeiro chilrear...
Eu o libertei,
Me libertei e agora volto a cantar,
A escrever, a viver minha vida...
E penso que, se meia dúzia de linhas foram o ponto de partida,
Apenas uma fez tudo desmoronar:
A linha não escrita,
A palavra não falada...
Foi assim, meu ex-bem querer,
Que findou-se tua estrada
Na minha vida, no meu versejar...
E neste jardim de ilusões,
Criado para outros sonharem,
Deixei meus pensamentos passearem...
Até eles tomarem forma de poesia
E nestas linhas viessem se derramar.
De ti me despeço,
Não tenciono voltar...
De mim não terás outra despedida.
Entrastes sem querer na minha vida
E da tua saio, sem me arrepender,
Depois de muitas lágrimas derramar.