Esparramar de amor.

Embora triste rejeitasse o fato

De que o passado já não mais existe

Faria eu, de grado e a contento,

Suas vontades, mesmo em pensamento.

E quando então, cansado me mandasse embora,

Iria em silêncio rua afora

Levando o gosto de sal do amor que te entrego

Em loucos atos de salvar meu ego.

E sendo surdo ao meu pranto quieto

Não saberás que num cantinho escuro

Terás alguém a desejar-te o afeto

Qual cão sem dono a esperar socorro.

Talvez um dia esse queimar se apague

E reste então do amor apenas cinzas,

Que o vento soprará para longe.

Pras terras do esquecimento,

Fazendo dessa estória triste,

Um esparramar no ar de sentimentos,

Que embora de curto tempo,

Foi pleno... Imenso...

Eterno... Manso.