REENCONTRO...
Depois de tantos anos e tantos desenganos,
Sinto-me no verdor dos sonhos que sonhamos,
E percebo que pra nós o tempo não passou...
Ainda tenho alegria nos meus olhos...
Ainda meu corpo anseia pelo teu abraço
Com o mesmo ardor... Do tempo que voou...
As lembranças são doces e pungentes
E eu te vejo ainda, belo... E tão jovem...
- O mais lindo dos homens que encontrei!...
As tuas mãos e as carícias quentes,
Ainda lembro! Minhas faces ainda corem,
Talvez, pelos beijos que te dei!...
Fomos felizes! Éramos um belo par!...
Tínhamos tudo para nos amar
E toda a nossa vida, assim, compartilhar!...
Mas na minha intransigência eu te afastei...
As nossas vidas muitas voltas deram
Mas... Jamais encontramos outro amor...
Em muitos rostos eu te procurei...
E sempre faltava algo! Eu não sei...
Neles não tive o amor que eu sonhei!
Quase quarenta anos se passaram
Mas dentro em mim ainda vive uma menina
Que lia cartas e não cansava de esperar...
Não sei de tua vida. Teu passado
Talvez melhor que o meu (tão malfadado!)
Espero: tenhas sido bem amado,
Pelo amor que eu quis e não te dei!...
Não merecias o que eu fiz contigo!
Fui prepotente, não argumentei
E, num arrobo de adolescência,
Perdão! Nem mais contigo eu falei...
Até hoje a minha consciência
Me acusa, por tamanha ingratidão!...
Foste verdadeiro: eu, sem paciência,
Sem compreensão, fui inconseqüente,
E te perdi com meu orgulho irreverente!...
Poderia ter sido de outra forma...
E agora, este amor retorna,
No momento em que ouvi a tua voz...
Perdi-me na luta contra o tempo
E a dor que a saudade acalentava
Fez-me envelhecer... (Mas te esperava!...)
Pensava que só iria te encontrar
Na imensidão da vida atemporal
Para onde iremos todos, ao final...
Mas não imaginava que algum dia,
Na curva de um caminho, de uma estrada,
Ia te encontrar mais uma vez...
Como um vulcão, ou grande cachoeira,
Explode todo o amor nesta certeza:
- Não quero te perder mais uma vez!...
É a mesma expectativa de outros tempos!...
É a adolescência ressurgindo em flor,
Apesar de todos os cabelos brancos...
Se antes eram cartas que eu esperava
Hoje é o virtual que nos abrasa
Nesta proximidade irreal...
E na instantaneidade do momento
Nossos encontros afastam os tormentos
E vivemos felizes outra vez...
Dois velhos/jovens de olhos encantados,
Felizes por nos termos encontrado
Para não mais nos perder!...
“Minha flor”... Te lembras? Me chamavas...
E meus olhos mergulhavam nos teus olhos
Tão belos, que pareciam duas estrelas...
“Dio, come ti amo” me dizias
E eu, com meu amor te respondia,
“Para sempre! Minha estrela luzidia!...”
Talvez minhas mãos estejam trêmulas...
O meu rosto também não é o mesmo...
- “Eu te amo assim...”
- São estas as palavras que eu espero,
E as que te direi, no meu sincero,
Único e imorredouro amor...
Duas vidas, tão sofridas, descaminhos...
Mas uma chance, a última talvez de nossas vidas,
De juntar pequenas peças e compor
A mais bela colcha de retalhos
E ainda viver!... Até morrer de amor!
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