Declaração

Devolve o meu peito

Não devolve, não

Deixa eu pedir e implorar

Vê essa declaração

Que me forçou a escrever

Me faz sorrir e chorar

Me faz correr até suar

Até morrer

Mas vê

Me explica como coração parado

Já necrosado dentro do meu corpo

Vai se curvar a esses vãos caprichos

Devolve meu coração

Faz não.

Deixa eu rezar e te contar

Vê essa declaração

Que pode ser do que for

É sua. Mais nada

Devolve o meu peito

Meu pranto

Mas não, não me tira o seu canto.

Devolve minha cabeça

Não. Não devolve não

Mas aceita

Esse poema sem métrica

Sem número certo

De versos

Sem rima, sem ouro

Sem prata, são meras

Palavras

De um poeta de graça

e sem graça

Mas seu poeta

Conhece seu poeta, então

Entende que é a inspiração

Dessas linhas

Devolve meus pés e minhas mãos

Você que me pôs no chão

Sem querer

Mas não me tirou

Vê. Vê essa declaração,

Minha musa,

E abusa

Sou seu poeta sem mãos

Vê.

Vê a minha declaração

Pra você

E não diz mais nada

Vê. Vê essa declaração

Sim. É de amor.

É. De paixão

Não sei mais

A razão

Nem o que muda o que fica

Não sei mais nada sem ser

Lê, ouve, canta a minha declaração

Minha declaração pra você

Não importa mais nada.

Só não diz que me odeia.

Eu sei que você tá cheia

Cheia dos meus poemas

E dos meus problemas

E das minhas poesias

Cheia do que eu falo

Todo dia dos seus dias

Mas lê só mais essa declaração

Lê, vê

E quando terminar

Diz que é agora

Me fala. Diz que me adora

E se Adora

Isso é, Adora

Diz que me ama

Não tem proveito

Direito

Não tem qualidade nenhuma

Essa declaração que você lê

Não importa o jeito

O (D)efeito

Ou habilidade alguma

É a declaração que eu fiz

Pra você

E só pra você

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 28/12/2008
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