Reconstruindo o tempo

O tempo que não há se perdeu nas

brumas leves do sonho,

na infinita sensibilidade da alma.

Reconstruo no momento a ausência

da emoção e reporto ao passado

o sentido inexato das palavras

aqui expostas, repousando no

papel a interpretação que

revolve a dor, machuca o peito.

Do fio espesso, sangue tinto que

corre nas veias, atravessa o corpo,

mancha a tristeza, colorindo

intensamente lágrimas inoportunas.

O tempo que ficou retido na

memória flui melifluamente pela

vida ressentida, o destino traçado

em linhas confusas, a forma que

não se forma, apenas se repete.

Reflito na tênue passagem

desse tempo o que ficou

perdido entre um sentimento

e outro, na razão que

não tenho, na realidade que persigo.

Reconstruindo o tempo procuro

no espaço a presença de um

amor que se perdeu, esperando

encontrar além do dia a

noite que não mais existe,

o fragmento que se partiu.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 28/12/2008
Código do texto: T1356746
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