Reconstruindo o tempo
O tempo que não há se perdeu nas
brumas leves do sonho,
na infinita sensibilidade da alma.
Reconstruo no momento a ausência
da emoção e reporto ao passado
o sentido inexato das palavras
aqui expostas, repousando no
papel a interpretação que
revolve a dor, machuca o peito.
Do fio espesso, sangue tinto que
corre nas veias, atravessa o corpo,
mancha a tristeza, colorindo
intensamente lágrimas inoportunas.
O tempo que ficou retido na
memória flui melifluamente pela
vida ressentida, o destino traçado
em linhas confusas, a forma que
não se forma, apenas se repete.
Reflito na tênue passagem
desse tempo o que ficou
perdido entre um sentimento
e outro, na razão que
não tenho, na realidade que persigo.
Reconstruindo o tempo procuro
no espaço a presença de um
amor que se perdeu, esperando
encontrar além do dia a
noite que não mais existe,
o fragmento que se partiu.