O pássaro

Talvez te seja ineficaz minha existência,
Noite enluarada; sobre rios e montanhas,
Como gaivotas nos mares, apenso,
Carregastes-me com tua artimanha.

Agita-se o mar, como indolente,
E atrai sem parar tua canção.
Porém hás de acalmar um dia, por fim,
O vôo da gaivota na rebentação.

Continua só no vôo rasante sobre o mar
E pouco falta para cobri-la a eterna onda
Nessa liberdade aonde ela irá chegar
À melodiosa rebeldia que as asas sonda,

E o olhar frágil de gaivota, pouco
A pouco, se envolvera na mágica espuma,
Tal qual a flecha de um arco indígena,
Ao arrepio do vento, da chuva e da bruma.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 27/12/2008
Reeditado em 27/12/2008
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