Último Porto

Recordo-me daquele singelo e belo dia,

De um mágico, simples e etéreo momento

Por onde o mundo parou e surgiu a poesia

Sob o encanto do sopro do eterno vento

Ela foi chegando suave como melodia

E foi crescendo como um tormento

Lavrando nossas almas em águas salgadas

Inundando os corpos em sua alquimia

Carícias dormentes, mas agora libertas

Entre beijos salientes e bocas envolventes

Que dormem nesses lábios carentes,

Desprezam o temor e despertam ardor

Palavras trocadas e versos calados

Poesia minha mais doce e eterna sinfonia

Nessa onda, seduziste nos interligando

Deslizamos a euforia dessa sintonia

Nossos corpos sentindo o doce torpor

Vertendo o amor em completa sinergia

Nessas carícias intensas agora libertas

Anúncio de plena festa que se manifesta

Em tantas promessas e preces dormentes

Vencida essa dor, ressurge o esplendor

Na busca vã e insana de ter sem o querer

Acabando com a sina desse tanto sofrer

Em ti se desfazem e se aconchegam

Entra e nos possuí como numa orgia,

Braços famintos de um abraço que sacia

Nessa química vertendo e compondo fascínios

Entre o esboço dos sonhos, dores e martírios

Libertos, chegam a esse seu último porto

Acorrentam suas almas, baixam as âncoras

Elevam e soltam os seus corpos dentro e afora.

Dueto: Salomé & Hilde

Nota: Nosso primeiro dueto escrito um ao lado doutro de forma não só espiritual, mas de corpos presentes.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 27/12/2008
Reeditado em 27/12/2008
Código do texto: T1354727