Último Porto
Recordo-me daquele singelo e belo dia,
De um mágico, simples e etéreo momento
Por onde o mundo parou e surgiu a poesia
Sob o encanto do sopro do eterno vento
Ela foi chegando suave como melodia
E foi crescendo como um tormento
Lavrando nossas almas em águas salgadas
Inundando os corpos em sua alquimia
Carícias dormentes, mas agora libertas
Entre beijos salientes e bocas envolventes
Que dormem nesses lábios carentes,
Desprezam o temor e despertam ardor
Palavras trocadas e versos calados
Poesia minha mais doce e eterna sinfonia
Nessa onda, seduziste nos interligando
Deslizamos a euforia dessa sintonia
Nossos corpos sentindo o doce torpor
Vertendo o amor em completa sinergia
Nessas carícias intensas agora libertas
Anúncio de plena festa que se manifesta
Em tantas promessas e preces dormentes
Vencida essa dor, ressurge o esplendor
Na busca vã e insana de ter sem o querer
Acabando com a sina desse tanto sofrer
Em ti se desfazem e se aconchegam
Entra e nos possuí como numa orgia,
Braços famintos de um abraço que sacia
Nessa química vertendo e compondo fascínios
Entre o esboço dos sonhos, dores e martírios
Libertos, chegam a esse seu último porto
Acorrentam suas almas, baixam as âncoras
Elevam e soltam os seus corpos dentro e afora.
Dueto: Salomé & Hilde
Nota: Nosso primeiro dueto escrito um ao lado doutro de forma não só espiritual, mas de corpos presentes.