Bagunça

Tenho as palavras marcadas na garganta

Mas não me vem a língua pra falar

E se só ser poeta me adianta

Me falta o canto da gente que canta

Às vezes, entre os meus dedos, tuas mãos

Insistem, devagar, em se esgueirar

E mais que rápido bloqueiam meus tendões

E os meus nervos queimam ou congelam

Pois que se um pouco o corpo se demora

Em fogo os meus órgãos se ateiam

E o ferro quente que minha pele passa

Se junta e às minhas veias se entrelaça

E deixo minha mão de vez em quando

Teus braços ou tuas mãos encontrar

E um toque tão suave como um pranto

Que parte um pensamento ou um encanto

E se o tórax se dobra com o sorriso

Que passo mais de horas a contemplar

Meus pés passam do chão que ainda piso

E vôo sem destino e sem juízo

E se o suave beijo atordoa

O nó no sentimento só confunde

E o meu coração desabotoa

E num abraço os corações se unem

Se passo o tempo todo só parado

É porque se ando só me perco

Mas se te olho só, tomo cuidado

Pois se te observo muito, é claro

Que vou me apaixonar e tenho medo.

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 27/12/2008
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