REBELIÃO

Eu vi na menina sonhando guerras longe daqui,

o medo não passa apenas disfarça a palidez

do espírito, viver é o contrário do aceite,

vívido o pássaro entoa o céu derramando coração.

Eu vi o mundo envelhecer, eu vi o rastro do tempo

quando a concha no deserto mostrou que é um osso do mar,

a verdade é uma flor tecida no sonho do ser no ventre da mãe,

o sol revelou no lago a idade que eu não sabia.

Eu estive no fundo da cegueira e encontrei as prioridades

definidas, eu vi o corpo sangrando o passado

que a alma rejeitou, o ar enfumaçado na mata assassinada

pela ganância que escorre feito lava a aura dos carrascos que a terra empedrou.

Eu encontrei o amante iluminado sentir nas gotas da chuva

o chamado ecoante da amada, e vi a natureza baixar

raios sobre os acampamentos do crime que espalha

o castigo, eu vi no vento os rostos dos que clamam paz na justiça.

Eu conversei com as sentinelas onde a passagem é doída,

andei nos terrenos que fumegam a queda dos ideais,

eu senti na carne a tentação e o desprezo

e conheci o gosto da solidão e da sarjeta e a fé subindo mais.

O tudo se abriu quando eu carreguei a cruz

e na ruína desolada ouvi o sibilar da flor

que interrompeu o caos, de agora em diante

sou um viajante que segue a visão dos cadavéricos anjos radiantes.

Eu sigo a estrada desliza molhada da infância presente na rebelião

nenhum dogma permanece sem ruínas quando Spartacus

grita no fundo do poço que a bandeira do império é o perfil do mal