O PRESENTE

Abro a porta; você vem...
Sob a toalha umedecida,
Deixa-a cair, me chama como quem,
Deseja ser consumida.

Tento de todas as formas dizer não,
Desvio para o canto o olhar,
Mas, o inquieto coração,
Começa a disparar.

E eu que há alguns instantes,
Despejei palavras ao vento,
Te chamei de insignificante,
Ousei do atrevimento.

Eu – que também, escutei,
Frases amargas:
-Não te amo-nunca te amei,
Me descarrega, me larga.

Agora, estou que nem tolo,
Desarmado à sua frente,
Como um menino boquiaberto ante o bolo,
Ávido, saboreio o presente.

Depois do amor, olhares vagos,
Agradecidos pelo prazer,
Troca de meigos afagos,
Até o sono nos envolver.