O Eleito...
Onde estás, meu amado?...
Em que estrela? Em que céu?...
Tens vestes de lã
Ou te cobre algodão?...
Tu estás com anéis
Roupagens de reis
Em belo veludo?...
Tuas mãos são de cera
E frias, sem cor?
- Ou são mãos de ternura
Que trazem amor?...
Onde estás, ó Eleito,
Amor de minh’alma?...
Tu virás a mim...
Com luvas brancas
Sinal de pureza...
Tu virás a mim
Com avental de pedreiro,
Como “aquele que serve...”
Tu virás a mim
E me chamarás
Suavemente:
“Minha flor...”
Tu farás as noites escuras
Ficarem azuis...
Tu acenderás
A lâmpada mágica
Do amor que perdura...
Tu virás devagar
E baterás mui de leve
À porta que é minha
E é tua também...
Ao atravessar o umbral
Mil vozes de ouro
Cantarão a sonata
Do amor ao luar...
Como saberei que és tu
Quando chegares a mim?
- Saberei pelos sons,
Pelas doces palavras,
Pela voz que é ternura
Pela fala/verdade
Do que jamais mente
Ou jamais mentirá...
Ó, Eleito!
Há tantas luas te espero!...
Da vida um Templo
Irás construir!
Serão os teus olhos
Cor de mel e doçura
E teus cabelos
Como trigais bem maduros
Que bailam ao vento...
Tu me trarás teu sorriso
e eu também sorrirei,
voltarei a sonhar!...
Tu vestirás
Estranha roupagem
Com espada à cintura
E só lutarás
Pelos pobres, doentes,
Prisioneiros, crianças,
Falarás por aqueles
A quem calaram a voz...
A Beleza e a Verdade
Serão teu escudo...
A Sabedoria
Tua eterna virtude...
Serás pacífico,
E apaziguador...
A Virtude interior
Irás procurar...
E pela Justiça
É que irás lutar...
Trarás
Mágico encanto
Provindo de todas as Eras
Nas quais te esperei...
E, para ti, ó Eleito,
Entregarei a pureza
Do meu coração!...
E minha alma
Ansiosa da tua
Na escalada da vida
Será companheira...
Meu corpo abrirá
Como pétalas, “flor”,
E delicado perfume
Só tu sentirás...
A doçura do mel
Que tenho escondido
Será apenas teu...
E eu,
Te amarei por todos os dias
Que não te encontrei!...
Serei a alcova
Que te vai acolher
No manto sagrado
Do que nos resta viver...
Meu corpo ondulado
Entoará a canção,
O sussurro do amor...
Nos consumiremos
Neste amor incontido
E a tanto guardado
E aguardado por nós...
E seremos jovens outra vez!...
Pois o amor nos fará
Vibrar com a seiva da vida!
E a longa espera já terá passado...
E nós diremos:
- Como valeu a pena
Ter esperado!...
- Vem, ó Eleito!
- Vem, meu amado!...