Nesta manhã...
Na macia manhã
Do dia de prata,
Teu vulto de arame
Se achega até mim...
E chove no dia,
E chove! A terra
Reclama seu sol
(- Onde o sol foi parar?...)
Espigas de milho
Cantando alegria
Na chuva renascem
E dançam sem fim
Bailados de sonhos...
- Me lembram de ti...
Te buscam pra mim...
As pedras na rua
O frio calçamento,
Na chuva, molhadas,
Reclamam a mim
Teu rosto tristonho
Fingindo alegria
E não vindo pra mim...
Esquálida, a lua,
Quando noite se faz,
Mal pode ser vista
Entre nuvens terríveis
Que a querem guardar!
No raio e trovão,
Na chuva que cai
No choro da relva
Vai meu coração!...
Renasce a saudade,
Redobra a ansiedade
Da louca procura
Por uma ilusão...
E, então, de repente
Sem eu perceber
Desato num riso
Que vira em pranto,
Querendo te ver...
- A chuva não leva
Tua indiferença...
Faz-se silêncio...
Não há canto de pássaros...
Não há sons de cristais...
(Nem sei é a lágrima
Ou a chuva que cai...)
A chuva que leva a tudo adiante...
A chuva que é triste
E me escorre no rosto
Juntando-se à lágrima,
Fazendo-se “um...”
Só sei que, na chuva,
A minha poesia
Em forte enxurrada
Se afasta de mim...
O barulha da chuva,
que foi, já retorna.
Seu tamborilar,
Parece risada
A me querer machucar...
- Como tu, meu amor!...