Nesta manhã...

Na macia manhã

Do dia de prata,

Teu vulto de arame

Se achega até mim...

E chove no dia,

E chove! A terra

Reclama seu sol

(- Onde o sol foi parar?...)

Espigas de milho

Cantando alegria

Na chuva renascem

E dançam sem fim

Bailados de sonhos...

- Me lembram de ti...

Te buscam pra mim...

As pedras na rua

O frio calçamento,

Na chuva, molhadas,

Reclamam a mim

Teu rosto tristonho

Fingindo alegria

E não vindo pra mim...

Esquálida, a lua,

Quando noite se faz,

Mal pode ser vista

Entre nuvens terríveis

Que a querem guardar!

No raio e trovão,

Na chuva que cai

No choro da relva

Vai meu coração!...

Renasce a saudade,

Redobra a ansiedade

Da louca procura

Por uma ilusão...

E, então, de repente

Sem eu perceber

Desato num riso

Que vira em pranto,

Querendo te ver...

- A chuva não leva

Tua indiferença...

Faz-se silêncio...

Não há canto de pássaros...

Não há sons de cristais...

(Nem sei é a lágrima

Ou a chuva que cai...)

A chuva que leva a tudo adiante...

A chuva que é triste

E me escorre no rosto

Juntando-se à lágrima,

Fazendo-se “um...”

Só sei que, na chuva,

A minha poesia

Em forte enxurrada

Se afasta de mim...

O barulha da chuva,

que foi, já retorna.

Seu tamborilar,

Parece risada

A me querer machucar...

- Como tu, meu amor!...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 24/12/2008
Reeditado em 25/12/2008
Código do texto: T1351860
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