EU QUE ME CHAMO MARIA
Eu, que me chamo Maria,
Sonhei com tantos amores,
E a sorte me sorria
Como um jardim de flores.
Mas nem tudo são rosas,
Nem de pássaros gorjeios,
A vida que eu cria formosa
Dissipou meus devaneios.
E quando no mar o sol desmaia
Dando lugar ao pálido lume
Da lua brincando na praia,
Ouço vozes em queixume,
Trazidas pelo vento do prado,
Lançando-as sobre o rio que suspira,
Leva-as para o mar afastado
Que de tanto dó nem respira.
De tanta melancolia fiquei cansada,
Abri meu velho baú de dores
Deixando sair embalada
Em versos de trovadores
A tristeza em mim dormente.
Minh’alma, vestida de alegria,
Recebeu, puro e inocente,
O amor que eu tanto queria.
Nem dor, nem vento ligeiro,
Nem a morte que virá um dia
Levarão esse amor verdadeiro,
Hoje é Natal e eu me chamo Maria.
24/12/08.