Devaneio Inominado
No infinitesimal espaço entre o dormir e o despertar
Na tênue linha entre o gênio e o louco
Entre o ensolarado céu
E a repentina rajada de gotas
Está o insano devaneio inominado
Entre os olhos, os ouvidos e a boca
Entre o banco, o carrasco e a própria forca
Entre o Olimpo e o paraíso,
A caneta e o recado ,
A demência e o juízo
Está o saudável devaneio inominado
Entre o dúbio acaso
E o encontro marcado
Entre os seios, entre os lábios
Entrevados
Entre os beijos e o suspiro aliviado
Está o sonso devaneio inominado
Entre a língua e a cabeça do que fala
Entre os nervos e os olhos do que enxerga
Entre as asas e a mente do que voa
Entre os mortos
E os vivos abandonados
Está o inominável devaneio inominado
Entre a tensão, o acidente, e o olhar
O derradeiro suspiro e o nada eterno
Entre o carinho, o verão e o inverno
Entre o meu corpo e o seu lábio
Entre minhas mãos e os seus olhos
Entre o sorriso
E o choro mal-amado
Está o surdo devaneio inominado