Devaneio Inominado

No infinitesimal espaço entre o dormir e o despertar

Na tênue linha entre o gênio e o louco

Entre o ensolarado céu

E a repentina rajada de gotas

Está o insano devaneio inominado

Entre os olhos, os ouvidos e a boca

Entre o banco, o carrasco e a própria forca

Entre o Olimpo e o paraíso,

A caneta e o recado ,

A demência e o juízo

Está o saudável devaneio inominado

Entre o dúbio acaso

E o encontro marcado

Entre os seios, entre os lábios

Entrevados

Entre os beijos e o suspiro aliviado

Está o sonso devaneio inominado

Entre a língua e a cabeça do que fala

Entre os nervos e os olhos do que enxerga

Entre as asas e a mente do que voa

Entre os mortos

E os vivos abandonados

Está o inominável devaneio inominado

Entre a tensão, o acidente, e o olhar

O derradeiro suspiro e o nada eterno

Entre o carinho, o verão e o inverno

Entre o meu corpo e o seu lábio

Entre minhas mãos e os seus olhos

Entre o sorriso

E o choro mal-amado

Está o surdo devaneio inominado

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 23/12/2008
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