O paradeiro do rei
No alto do morro há um castelo
Sem cavaleiros e sem lei.
No alto do morro o tal castelo
Há tempos está sem seu rei.
Cadê o rei?
Saiu a cavalo.
Não disse pra onde ia.
Saiu e levou seu vassalo
Porém, era o rei que o servia.
Cadê o rei?
Foi ver a natureza,
A que ele chama de amiga.
Segundo ele, nos momentos de tristeza,
A única que o conforta e abriga.
Cadê o rei?
Zarpou num navio
Com seu amigo que é marinheiro.
Ninguém nunca mais o viu
Nem sabe do seu paradeiro.
Acho que ele é um rei fraco.
Teve medo de ir pra guerra só porque seu inimigo era todo o mundo.
Cadê o rei?
Saiu pra chorar.
Saiu cabisbaixo daqui.
Murmurou que queria amar
E que iria se perder por aí.
Cadê o rei?
Virou poeta.
Saiu pelo mundo a escrever.
Desistiu da sua vida correta
Que nunca o permitira viver.
Sumiu o rei, e ele talvez não volte mais.
Ele cansou de estar sempre só e procurou companhia.
Ele teve medo da guerra, porque seus inimigos eram as mesmas pessoas que o cercavam; que o matavam, ignorantes de estarem fazendo isto.
No alto do morro há um castelo
Onde eu mandava, onde eu era a lei.
Mas acontece que este tal castelo
Há tempos está sem rei.