Poema 0649 - Meu universo de amor
Um estranho som desce de algum lugar,
sinto-me como se um ser alado pousasse no meu corpo,
ao me tocar, fecho meus olhos sem perceber,
corre um frio sobre a pele indo ao encontro do calor.
Sinto fome de palavras que vão além d'alma,
o silêncio provoca um desejo de certa fantasia,
o tempo continua horizontal entre um e outro sonho,
deixo de lado as esperanças e me agarro a realidade.
Meu corpo desliza dentro d'outro como se a pele fosse seda,
sinto como caminhar nu em uma chuva de verão,
os poros se abrem como para que entrar vida nova,
um delicado óleo derrama, relâmpagos explodem o gozo.
As janelas são invadidas por raios de qualquer luz,
contemplo o silêncio suave deste instante,
alguns perfumes estão soltos no ar,
vestes voltam devagar cobrindo a flor cuidadosa da pele.
Um caminho foi aberto entre eu e um certo paraíso,
tenho asas, muitas asas e o vento para ir além dos sonhos,
o mundo gira forte ao contrário dos dias, voltam as horas,
descobri algum segredo que mora entre a luz e o corpo.
Busquei na lembrança cores que possam definir o amor,
palavras que expressem sentimentos que calam os êxtases,
nos brilhos enxerguei olhos de uma paixão conhecida,
como se fosse fim de inverno despontei para vida.
Volto os pensamentos ao espelho invisível dos meus sonhos,
os reflexos não obedecem aos comandos do coração,
é como se continuasse abraçado aquele outro corpo,
os lábios ainda carregam aquele gosto de fome e tesão.
Noite passada o amor beijou meu corpo inteiro,
por algum momento fui criador do meu universo,
perdi-me no tempo, nas idades, nos céus de arco-íris,
voltei forte como quem nasce antes do sol e depois da lua.
06/04/2006